Troca de mensagens sugere acordo entre facção criminosa e filha de prefeito de João Pessoa

Uma suposta troca de mensagens entre Jossiênio Silva dos Santos, um líder de uma facção criminosa, e Janine Lucena, secretária de Saúde de João Pessoa e filha do prefeito, Cícero Lucena (PP), sugere um acordo de troca de cargos por acesso a comunidades sob controle do crime. O portal UOL divulgou as mensagens a que teve acesso, nesta quinta-feira, 19.

O Ministério Público interceptou as mensagens em julho de 2022, durante uma investigação sobre um suspeito de tráfico de drogas. A ação é conduzida por uma força-tarefa, que inclui o Ministério Público e as polícias Militar, Civil e Federal da Paraíba.

A defesa de Janine garante que ela “não reconheceu nenhuma das mensagens lá descritas, não sabendo as origens das mesmas nem tampouco sua finalidade real”.

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O documento contém dezenas de mensagens de números atribuídos a Janine e a Jossiênio Santos, conhecido como Ênio Chinês, apontado como conselheiro da facção Nova Okaida, considerada a mais poderosa do Estado.

A força-tarefa obteve as informações depois da apreensão do celular de Ênio. Ele foi detido em 3 de maio, depois de um pedido de prisão preventiva da 2ª Vara de Entorpecentes da Comarca de João Pessoa. A Defensoria Pública da Paraíba atende Ênio.

A conversa faz parte da Operação Mandare, na qual a Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão na Paraíba em maio deste ano, inclusive contra Janine, para investigar uma suposta atuação da facção Okaida no poder público municipal. As investigações seguem em sigilo e estão sob segredo de Justiça.

Acesso a comunidades da facção em João Pessoa

O diálogo entre Janine e Ênio ocorreu em 25 de julho de 2022. Segundo o documento, a conversa “retrata o acordo e o beneficiamento de pessoas ligadas a ele, como exigência para o trânsito em comunidades sob seu domínio”.

Nas mensagens, Ênio pede melhores salários para a esposa e a filha, além de ajuda de custo. Ele afirma ser “dono” de comunidades e avisa Janine que pessoas estariam “barradas” de entrar nessas áreas até que a situação fosse resolvida.

Em resposta, o número atribuído a Janine afirma que “cumpriu o acordo” e estava tratando da nova reivindicação com Patrícia, identificada pelos policiais como esposa de Ênio e irmã de outros dois membros da facção.

O relatório revela que Patrícia tinha cargo de auxiliar de sala de aula desde junho de 2022, com salário bruto de R$ 1.679,13. A filha de Ênio ocupava o cargo de auxiliar administrativo, recebendo R$ 2.658,17 no mesmo período. Nenhuma das duas permanece nos cargos.

Janine, em nota, nega que tenha participado do diálogo. Candidatos concorrentes de Cícero Lucena, em João Pessoa, denunciaram, em 11 de setembro, uma suposta “ação e influência de facções criminosas nas eleições”.

Candidatos querem quebra de sigilo do prefeito

Luciano Cartaxo (PT), Marcelo Queiroga (PL) e Ruy Carneiro (Pode) alegam que Cícero teria ligações com o crime organizado e solicitaram a quebra de sigilo das operações da PF e a presença de tropas federais no Tribunal Regional Eleitoral.

Eles relataram dificuldades em fazer campanha em diversas comunidades. Alegaram também que estariam sendo impedidos por facções criminosas.

Em 11 de setembro, a PF lançou a Operação Território Livre para investigar crimes de aliciamento de eleitores no bairro São José. A polícia apreendeu R$ 35 mil em espécie, documentos, celulares e contracheques de funcionários da prefeitura da capital.

A campanha de Cícero Lucena afirmou que os adversários adotam “um posicionamento antagônico às tradições democráticas da Paraíba” para “macular a sua imagem e a imagem da cidade de João Pessoa.”

A Prefeitura de João Pessoa lamentou o que chamou de “tentativa de utilização de tais fatos para insinuar o envolvimento de qualquer autoridade do Executivo municipal com eventos dessa natureza”.

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