O MBL quer virar partido

Depois de alcançar seu melhor desempenho em eleições, com 14 eleitos em 7 Estados diferentes, o Movimento Brasil Livre (MBL) encara agora seus próximos desafios: concluir a criação de um partido próprio, o Missão, e difundir suas ideias pelo Brasil

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A Oeste, o líder e fundador do movimento, Renan Santos, contou seus planos para ter sucesso nessas tarefas. Ele acredita que o partido já nasce com uma identidade, uma cara, “diferentemente do Partido Novo”, com um potencial propagação para além da lógica Rio-São Paulo e com foco no cultivo e fomento de lideranças. 

Além disso, o grupo, que enfrentou críticas ao se posicionar a favor do voto nulo entre Luiz Inácio Lula da Silva e Jair Bolsonaro, em 2022, e ao fazer oposição inflexível a Pablo Marçal, em 2024, vê movimentos capazes de captar eleitores dessas duas alas da direita.

Abaixo, os principais trechos da entrevista com Renan Santos.

Em que pé está a criação do partido do MBL?

Essa é nossa aposta mais cara, mais custosa, que a gente teve. Até hoje, temos mais de 700 mil fichas coletadas, já validadas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Quando se coleta a assinatura, primeiro, ela é validada no site do TSE. Aí, depois, mando para o cartório. Então, são duas validações. Contando a perda que tem em cartório, fazendo 735 mil fichas, bato tudo. O número obrigatório por lei é 537 mil. Até o fim de novembro, quando termina a fase de coleta, a projeção é buscar quase 800 mil. Depois, tenho de levar para o cartório. Entregamos tudo até fevereiro. E, até julho do ano que vem, terminamos. A não ser que o TSE venha com alguma loucura lá no julgamento. Contudo, não tem motivo para isso.

Por que Missão?

O nosso nome é Missão, daquela coisa de “Missão, Visão e Valores”. Visão e Valores do MBL todo mundo sabe, agora, vamos entregar nossa Missão.

Como você analisa a trajetória para uma ascensão do partido? 

Nosso objetivo é ter um projeto próprio, com linguagem própria. É um projeto que tem que superar os erros da direita nos últimos anos, e, sobretudo, superar os erros do próprio MBL. Aquele discurso de “liberal na economia e conservador nos costumes” falhou e tem de ser superado.

O eleitor de Bolsonaro e/ou de Marçal pode votar no MBL? 

Aquele eleitor que compra tudo o que o Marçal diz, até mesmo o laudo falso do Boulos, esse não tem como vir com a gente. Agora, talvez, o eleitor que possamos captar é aquele de baixa consciência política, que primeiro se apaixonou pelo Bolsonaro e agora se apaixonou pelo Marçal.

O desempenho do MBL seria melhor com um partido próprio?  

O Novo é um partido composto de pessoas de direita, mas que não construiu uma identidade, uma ideologia própria, uma linguagem própria e candidaturas fortes próprias. A eleição de 2024 mostrou que não temos de ficar presos na lógica paulista e carioca. O Brasil não é só São Paulo e Rio. Por exemplo, qual o problema real do Nordeste? Não adianta falar “ah, vamos trazer mais mercado”. Não é só isso. Qual o problema de educação? Qual é o problema político? Como solucioná-los? E esse cenário mais amplo a gente não tem condição de fazer, hoje, com os nossos candidatos: um no MDB, outro no PP, outro no União Brasil, outro no Novo. Com certeza, com nosso partido, teríamos um candidato a prefeito e faríamos mais vereadores eleitos. O Novo fez isso? Fez, mas sem identidade. 

Sob a ótica da direita liberal, qual o paralelo entre o Missão e o Novo?

O Missão já nasce com uma identidade estabelecida… Eu só tiraria a parte do “liberal”. Acho que a gente está querendo romper inclusive com isso. O Brasil tem problemas que o berço teórico norte-americano não entende e não resolve.

Grandes partidos são vinculados a grandes figuras. Quem seria essa grande figura do Missão: Arthur do Val, você, Danilo Gentili, Sergio Moro?

Olha, todos esses outros eu traria pro partido. Mas não vou ficar importando tantas pessoas de fora em cima de um projeto que foi construído aqui. Grandes nomes têm de surgir de quem já vem conosco.

A vereadora eleita Amanda Vettorazzo vai trabalhar junto de Lucas Pavanato e Rubinho Nunes? Como o MBL vê, institucionalmente, os ex-integrantes?

São duas camadas. Em Brasília, o Kim Kataguiri conversa com todo mundo, dos ex-MBL ao Nikolas Ferreira. O Kim tem de conversar com o Nikolas, porque recebem muito bem para ser parlamentares. O Guto Zacarias tem de se dar bem com Gil Diniz. Então, a Amanda vai ter de conversar com o Pavanato. A nossa instituição é nossa casa, mas o Parlamento não é nossa casa. É a casa do povo, onde eles têm de trabalhar entre eles. Internamente, não queremos relação. Mas, nos setores públicos, nossos eleitos têm obrigação de conversar. A gente nunca mais vai investir em pessoas que vão nos trair. Isso foi um erro muito grande que a gente cometeu.

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