⁠Não me preocupo com os que acreditam em Papai Noe… Alessandro Teodoro

⁠Não me preocupo com os que acreditam em Papai Noel, mas com os que alugam as cabeças e ainda acreditam que pensam com elas.

No fundo, a inocência dos que acreditam em Papai Noel ainda lhes conserva alguma forma de beleza. 

O que realmente inquieta é perceber quantos, já adultos, seguem alugando as próprias cabeças — entregando seus pensamentos a quem grita mais alto, a quem promete atalhos, a quem dispensa qualquer reflexão.

Assusta menos a fantasia do bom velhinho do que a fantasia medonha de autonomia que muitos carregam. 

E carregam-na com tanta convicção que quase sempre ela é bordada nos berros.

Pensam que pensam, mas apenas repetem ecos, devolvem opiniões prontas, vestem certezas emprestadas. 

E, assim, vão cedendo o território mais sagrado que existe: o da consciência.

Talvez o verdadeiro e mais urgente milagre não seja acreditar em Papai Noel, mas resgatar o direito — e o trabalho diário — de pensar com a própria cabeça. 

De duvidar, questionar, investigar…

De não permitir que ideias venham com contrato de aluguel, mas que sejam construídas com autenticidade, esforço e liberdade.

Porque, no fim, a maior ilusão não é a de um presente — embalado na inocência — na noite de Natal, mas a de viver sem perceber que a mente foi entregue ao comodismo, à manipulação ou ao medo. 

E nada é mais urgente e necessário do que retomá-la.

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