Eleição nas capitais revela uma lenta renovação dos políticos, diz especialista

Em 2024, a média de idade dos prefeitos eleitos em primeiro turno nas capitais do Brasil foi de 51 anos. O dado reflete uma lenta, apesar de presente, renovação na política nacional.

O cenário é misto. No Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), de 54 anos, é mais de 20 anos mais velho do que João Campos (PSB), de apenas 31, eleito em Recife. Campos é um dos três prefeitos eleitos com menos de 40 anos.

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A Oeste, a cientista política Maria Teresa Sadeck, professora sênior da Universidade de São Paulo (USP), afirma que os extremos devem ser levados em conta para a análise da média.

“A média de idade pode ser um indicador, mas é preciso cuidado, porque ela reflete extremos e é preciso estar atento aos extremos, isto é o mais importante.”

Prefeitos como Bruno Reis (União Brasil), 46 anos, em Salvador e Lorenzo Pazolini (Republicanos), 44 anos, em Vitória, representam uma nova geração que busca inovação, já com alguma experiência.

Contudo, a presença de figuras mais velhas, como Tião Bocalom (PL), 71 anos, – reeleito em Rio Branco – e Silvio Mendes (70 anos), que voltou ao cargo em Teresina, destaca a continuidade de líderes mais experientes.

Importância da aprovação

A diversidade etária entre os eleitos mostra um paradoxo: enquanto jovens como João Henrique Caldas – o JHC (PL), 36 anos, em Maceió e Arthur Henrique (MDB), 42 anos, em Boa Vista ganham destaque, a média ainda não pode ser considerada baixa.

Está acima da média de idade do país, de 35,5 anos, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2023.

Mesmo os de idade abaixo dos 40, segundo Sadeck, não necessariamente foram eleitos neste modelo de renovação. Por isso, ela existe, mas é parcial.

“Acredito que a renovação não esteja mesmo em um ritmo acelerado muito em função de que, em muitas cidades há uma perpetuação de famílias que há anos estão no poder e isso impede uma renovação mais rápida”, afirma ela.

“O próprio João Campos é muito jovem, mas ele mesmo é de uma família que há anos está no poder em sua cidade e em seu Estado [família Arraes].”

Para Sadeck, a renovação ou não, inclusive para reeleição de prefeitos, está mais ligada à imagem que eles têm junto à população.

“A grande maioria que tentou a reeleição alcançou êxito porque, muito mais do que a máquina, estes candidatos conseguiram obter uma avaliação positiva da população”, ressalta a cientista política. “Com uma avaliação negativa, não há máquina que sustente uma reeleição.”

Veja a idade dos prefeitos eleitos em primeiro turno nas capitais:


Eduardo Paes (PSD, Rio de Janeiro, RJ) – 54 anos.

João Campos (PSB, Recife, PE) – 31 anos.

Bruno Reis (União Brasil, Salvador, BA) – 46 anos.

Lorenzo Pazolini (Republicanos, Vitória, ES) – 44 anos.

Topázio Neto (PSD, Florianópolis, SC) – 50 anos.

Eduardo Braide (PSD, São Luís, MA) – 48 anos.

João Henrique Caldas – JHC (PL, Maceió, AL) – 36 anos.

Arthur Henrique (MDB, Boa Vista, RR) – 42 anos.

Dr. Furlan (MDB, Macapá, AP) – 47 anos.

Tião Bocalom (PL, Rio Branco, AC) – 71 anos.

Silvio Mendes (União Brasil, Teresina, PI) – 70 anos.

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