Entenda o revés por trás do caso que envolveu soldado isralense, Justiça brasileira e ameaça
O reservista israelense que passava férias no Brasil e estava sendo investigado por suspeita de envolvimento em crimes de guerra na Faixa de Gaza deixou o país neste domingo, 5. Ele foi acompanhado pela Embaixada de Israel em Brasília.
O militar passou a ser alvo de uma investigação pela Justiça Federal do Distrito Federal, a qual teve origem em um pedido feito pela organização internacional pró-palestina Fundação Hind Rajab (HRF).
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A HRF acompanha as atividades de soldados israelenses na região e apresentou provas, como vídeos e imagens, o que sugeriu que o soldado participou de ações criminosas em Gaza, onde o conflito entre Israel e o grupo terrorista Hamas já dura mais de 15 meses. Esse conflito causou mais de 45 mil mortes entre os palestinos.
Yuval Vagdani, pai do soldado, de 21 anos, relatou ao jornal Haaretz que soube da investigação quando um amigo do filho recebeu uma mensagem da representação diplomática israelense no Brasil. Ele instruiu o filho a deixar o país imediatamente.
“Eu disse a eles para escaparem imediatamente e não ficarem lá nem por mais um minuto”, declarou ao jornal. “Eles rapidamente fizeram as malas e cruzaram a fronteira em poucas horas. Num piscar de olhos, eles passaram de turistas a fugitivos.”
A Embaixada de Israel em Brasília acompanhou o soldado até o aeroporto. O embaixador Daniel Zonshine declarou que a saída foi acompanhada, mas que a decisão de deixar o país foi tomada pelo próprio militar. Informações não confirmadas indicam que o soldado deixou o Brasil por Salvador e seguiu para a Argentina. O Itamaraty não se manifestou sobre o caso.
Governo de Israel reafirmou o direito do país à autodefesa
Em um comunicado, o governo de Israel reafirmou o direito do país à autodefesa depois do “massacre brutal cometido pelo grupo terrorista palestino Hamas, em 7 de outubro de 2023”. Israel destacou que as operações em Gaza seguem estritamente o direito internacional.
O governo criticou, também, a HRF, e alegou que a organização manipula os sistemas legais para criar uma narrativa contra o país.
A HRF, com o apoio de famílias de palestinos cujas casas foram destruídas, acusou o soldado de estar envolvido em demolições massivas de residências civis.
A organização argumenta que essas ações fazem parte de uma estratégia mais ampla para impor condições de vida insuportáveis aos palestinos. Isso configuraria genocídio e crimes contra a humanidade, conforme o direito internacional. Relatórios da ONU indicam que dois terços dos edifícios de Gaza foram destruídos ou danificados. A reconstrução exigiria uma quantia bilionária.
O soldado foi identificado por meio de suas postagens nas redes sociais, onde aparecia em vídeos que mostravam áreas devastadas de Gaza. Em outros vídeos, ouvira-se risadas de soldados enquanto explosões controladas eram filmadas.
Esse episódio levou Yuli Edelstein, presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa do Parlamento de Israel, a convocar uma reunião. A reunião tinha como objetivo discutir formas de proteger os soldados contra processos judiciais internacionais.
A HRF, criada para documentar crimes de guerra contra palestinos, comemorou a decisão da Justiça brasileira.
Parlamentar de Israel ameaça Brasil
Depois da repercussão do caso, um parlamentar israelense ameaçou o Brasil e chamou o país de “patrocinador de terroristas”.
A declaração foi divulgada por Dan Illouz, político que ocupa uma das cadeiras no Knesset, a Assembleia de Israel.
ברזיל הפכה למדינת חסות של טרוריסטים. במקום לרדוף מחבלים, היא רודפת חייל צה”ל – יהודי שניצל מטבח אכזרי ומגן על עמו. חרפה שלא תיסלח. ישראל לא תשב בחיבוק ידיים מול רדיפת חייליה, ואם ברזיל לא תתקן את דרכה – היא תשלם מחיר.
ולפיד? במקום להילחם בתופעה המסוכנת הזו, הוא ישר מאשים את… pic.twitter.com/SKeIEgv5mF
— דן אילוז – Dan Illouz (@dillouz) January 5, 2025
“O Brasil se tornou um Estado patrocinador de terroristas”, disse o político. “Em vez de perseguir terroristas, ela persegue um soldado das FDI – um judeu que sobreviveu a uma cozinha brutal e protege o seu povo. Uma pena que não será perdoada.”
“Israel não ficará de braços cruzados diante da perseguição de seus soldados, e se o Brasil não corrigir seus hábitos, pagará um preço.”
Bolsonaro sai em defesa do soldado
Através das redes sociais, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), criticou a ação do governo brasileiro em relação ao soldado.
“Em 2019, Israel foi um dos únicos países a enviar uma equipe para ajudar as buscas em Brumadinho”, escreveu. “Hoje, o Estado brasileiro está colocando a Polícia Federal para investigar membros das Forças Armadas de Israel de férias no Brasil.”
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