Negociações da dívida de US$ 1,6 bilhão da Venezuela com o Brasil seguem paralisadas

As negociações sobre a dívida de mais de US$ 1,6 bilhão da Venezuela com o Brasil permanecem paralisadas. Esse débito, suspenso desde 2017, não tem previsão de quitação. A relação entre os países esfriou, especialmente depois de o Brasil rejeitar a adesão da Venezuela ao bloco Brics. O jornal Gazeta do Povo divulgou a informação na última sexta-feira, 15.

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva não demonstra interesse em reatar laços com o regime do ditador Nicolás Maduro. Fontes do Ministério das Relações Exteriores (MRE) sugerem que a questão da dívida pode ser secundária por causa do momento delicado nas relações diplomáticas.

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Guilherme Gomes, consultor de comércio internacional, afirma que essa situação pode atrasar ainda mais o pagamento da dívida. “O momento delicado das relações diplomáticas entre Brasil e Venezuela obviamente é um fator que pode influenciar no atraso maior ainda do pagamento que a Venezuela deve com Brasil.”

Lula buscou retomar negociações interrompidas durante a gestão de Jair Bolsonaro. O petista acreditava que a suspensão dos pagamentos se devia ao corte de relações bilaterais. Apesar de reestabelecer contatos diplomáticos e receber Maduro em Brasília, as negociações não avançaram.

BNDES financiou obras na Venezuela

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) financiou obras de infraestrutura na Venezuela, como o metrô de Caracas e a Siderúrgica Nacional. Em caso de inadimplência, o BNDES aciona o Fundo de Garantia à Exportação para reaver o montante e transfere a cobrança para o governo brasileiro.

Além dos projetos financiados, a dívida inclui a venda de aeronaves da Embraer à estatal venezuelana Conviasa. A Venezuela pagou parte do montante, mas ainda há parcelas em atraso e outras a vencer até janeiro de 2025.

Leia também: “Maduro dá uma banana para o Brasil”, reportagem de Rachel Díaz publicada na Edição 234 da Revista Oeste

Cezar Roedel, analista de relações internacionais, considera que a tentativa de Lula de se reaproximar do chavismo foi equivocada. Para ele, Venezuela se tornou uma “marionete” da China e da Rússia, perdendo relevância para o Brasil no cenário político. O especialista acredita que a dívida estaria apenas no campo da narrativa de Maduro, sem intenção real de pagá-la.

Com a exclusão da Venezuela dos Brics, o MRE informou surpresa e descontentamento com o tom ofensivo adotado por autoridades de Caracas. Em entrevista recente, Lula minimizou a importância de Maduro para o Brasil.

O petista afirmou que “o Maduro é um problema da Venezuela, não é um problema do Brasil”. Ele também disse que sua prioridade é cuidar dos assuntos internos do país.

Apesar do clima tenso, o chanceler Mauro Vieira declarou que o Brasil não pretende romper relações com a Venezuela, embora reconheça que o dinamismo do relacionamento bilateral será inevitavelmente reduzido.

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