Projeto: O mensageiro honesto.

Não é necessário ser um gênio para perceber onde as coisas vão terminar. Bom, eu realmente esperava estar enganado, mas quanto mais vivo, mais percebo que aquele livro de “alguma coisa + 84” estava correto. Para mim, já não há mais coberta, roupas ou tecidos; estou completamente nu. Quando falo com minha mãe, quando converso e proseio com meus amigos e até quando estou flertando com aquela menina, estou a todo tempo sob a vigilância do cão feroz.

Ah, se eu pudesse me desvencilhar dele, se eu pudesse enganá-lo, se pudesse ao menos negociar com ele como um igual… O que eu não daria por essa chance: abandonar o seu quintal e fugir para um quintal maior e mais largo. Mas ele não permitirá. Ele sente meu cheiro e, certamente, sente o seu cheiro também.

Ele me enganou, disse que cuidaria de mim, dos meus amigos e da minha família. Eu só precisava ser leniente e compassivo, apenas fingir que ele não estava crescendo e se tornando mais forte. E foi o que eu fiz. Deixei o cão crescer, e ele cresceu forte e ardente. Agora, ele tirou sua coleira e corrente e as colocou em mim. Ele ordena o que falar e quando falar, e eu obedeço, a fim de ganhar um petisco, a fim de viver.

Ora, um cão adestrado certamente é melhor que um cão morto, assim penso eu.

Porém, ele não se cansa de me espiar: entre as frestas do banheiro, entre as mensagens, entre minha rede cabeada, entre as idas e vindas ao parque. Na verdade, ele agora tem súditos fiéis, e eles me assustam. Quando penso em criticar o cão feroz, eles logo gritam para ele:
“Cão feroz, venha e prenda este homem, pois ele ousou te questionar, ele ousou pensar por si próprio, ele ousou demais!”

E quando o cão feroz vem, eu prontamente me abaixo e aceito a consequência. Não há luta ou negociação, ele apenas vem e me castiga.

De tempos em tempos, ele promete que me tratará com respeito, que seremos iguais. Porém, logo depois ele toma o que é meu. Se compro algo de outro quintal, ele prontamente vem com seus comparsas e exige uma fatia. Caso contrário, ele tomará tudo de mim. E se eu insistir, serei punido.

Quão cruel ele pode ser? Quem deu essa autoridade?

Eu não sei. Desde o dia do meu nascimento, o cão feroz sempre lá esteve. Dizem para ser obediente, porque ele sempre lá estará.

Mas, como sou teimoso, estou decidido a lutar pela pequena grama que segurei em minha mão. Essa grama que arranquei do meu próprio gramado. Estou disposto a lutar pelo pequeno pedaço de liberdade, pelo pequeno pedaço de privacidade.

Um protocolo de mensagem anônimo, criptografado com Rijndael, seguro, descentralizado e distribuído. Baseado em uma lista de blocos semeados, que podem ser alterados entre si (não é blockchain, pois permite a remoção e adição sem taxa e sem mineração).

Um protocolo simples e direto, com criptografia do tipo chave derivativa, cuja derivação parte do hash de envio, do destinatário e de um hash randômico.

Um projeto simples, rápido e extremamente valioso. Não pelo seu valor monetário – já que é open source –, mas pelo seu valor intrínseco: um mensageiro que não lê, não guarda suas chaves de decodificação e, principalmente, jamais o delatará.

A privacidade como ela deve ser: baseada em princípios da ética libertária.

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