Revisitando a fábula a Cigarra e a Formiga

André Burger*

É atribuída a Esopo, na Grécia Antiga, a criação da fábula como gênero literário. Hoje, 2600 séculos depois, podemos recontar sua fábula mais conhecida, A Cigarra e a Formiga, com novos personagens: a Lula e o Leão.

Ambos os animais se tornaram líderes de seus respectivos países. O Leão recebeu um país com um governo quebrado e um orçamento deficitário, pois sempre gastavam mais do que recolhiam de impostos e, por consequência, com inflação elevada. A Lula, ao contrário, recebeu um país onde os gastos eram inferiores à receita dos impostos e, se existia inflação, era pequena e controlada.

O Leão, animal forte e voluntarioso, em apenas dez meses à frente do país que recebera, falido e desacreditado em todo o reino animal, conseguiu equilibrar as contas públicas e reduzir a inflação. Fez isso com determinação e conhecimento de que as soluções que implantava eram corretas, pois estavam de acordo com a lógica e as leis econômicas elementares.

A Lula, molusco capaz de mudar de cor e formato para se adequar aos lugares por onde passa ou mesmo assumir padrões variados para enganar seus opositores, está mais preocupada em ser popular para manter o poder. Como não dispõe da inteligência, força e tenacidade do Leão, seu método de liderar é agradar a tantos quantos possa, não importando o certo ou errado, o justo e o injusto. A mutabilidade da Lula é sua principal característica.

Ao governar, a Lula seguiu na busca por popularidade e gastou o que o país não tinha. Em menos de 18 meses do início do seu governo, apresenta um orçamento que se equilibra porque diversos gastos não são incluídos, retomando as mesmas práticas das duas outras vezes em que havia governado. Os malacólogos sérios dizem que é enganação; os mais heterodoxos chamam de contabilidade criativa.

O que a Lula está fazendo é conhecido desde Esopo e se sabe que não dará certo. Tal como a cigarra, vai faltar dinheiro para o futuro porque foi dada prioridade ao presente. Afinal, uma Lula vive pouco tempo e é o presente que importa — ou seja, o animal que viver lá no futuro que se vire.

Por outro lado, o Leão, bem mais longevo, se preocupa com o futuro e, portanto, busca que o amanhã possa ser melhor que o presente. Sua ação foi oposta ao da Lula: conter os gastos presentes, investir, para as próximas gerações poderem ter vidas melhores. O Leão estudou e tomou conhecimento de que as sociedades que souberam ter orçamentos equilibrados, gastando menos do que arrecadam, foram as que mais prosperaram. Assim, criou regras que obrigam que os governos, o seu e de quem o suceder, apresentem déficit zero. Se houver superávit, significa que tirou demais dos seus concidadãos animais e então deve reduzir os impostos. Caso contrário, havendo déficit, deve reduzir os gastos e não aumentar a arrecadação ou criar dinheiro, porque sabe que isso cria inflação.

O interessante dessa fábula, com a Lula e o Leão, é que pode ser contada em relação a vários países e diferentes épocas. O senso comum nos leva com clareza a identificar qual animal e qual país foi bem-sucedido, da mesma forma com a despreocupada cigarra e a diligente formiga. Isso aconteceu na história dos homens repetidas vezes e está acontecendo agora. Não é difícil identificar na América do Sul que a Lula é o Lula e o Leão é o Milei. O final da história é conhecido e tem a mesma moral da fábula de Esopo.

Leia também: “O destaque de Milei”, artigo de Rodrigo Constantino publicado na Edição 236 da Revista Oeste

*André Burger é economista e conselheiro superior do Instituto Liberal

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