Suplentes de deputado usam carrões, desfrutam de privilégios e se beneficiam de auxílio mudança

Neste ano, 30 suplentes de deputados federais já receberam a primeira parcela do auxílio mudança, cujo valor é de R$ 1,3 milhão. Reportagem do jornal Gazeta do Povo mostra que esses políticos alugaram veículos de luxo, como Hilux, Ford Ranger, Trailblazer e até aviões, com uso de recursos públicos para promover seus mandatos.

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Catorze deputados assumiram cargos de secretário estadual, de maneira a abrir espaço para mais suplentes. Com as eleições municipais se aproximando, os deputados buscam apoio em suas bases eleitorais para a reeleição em 2026.

Os deputados federais recebem auxílio mudança no começo e no fim do mandato, oficialmente chamado de “ajuda de custo”. Suplentes recebem a primeira parcela ao assumir a vaga e a segunda ao deixar o cargo, desde que completem 180 dias. Durante o mandato, têm direito ao uso do “cotão”. Os gastos dos suplentes seguiram as normas da Câmara e foram aprovados pelo corpo técnico.

Os gastos dos suplentes de deputado

Em sete meses de mandato, o suplente Pauderney Avelino (União-AM) utilizou R$ 253 mil do “cotão”. Ele gastou R$ 72 mil com locação de veículos, ao alugar cinco camionetes Frontier e uma Toro, além de dois aviões Caravan para visitar eleitores em Manicoré e Beruri, ao custo de R$ 26 mil.

Parlamentares justificam despesas com aviões pela necessidade de viajar longas distâncias na Amazônia.

O suplente Nitinho (PSD-SE), por exemplo, gastou R$ 189 mil do “cotão” de fevereiro a agosto. As despesas com locação de dois carros somaram R$ 72 mil — o mais caro um Toyota Corolla, por R$ 6,9 mil.

A autopromoção

Raniery Paulino (Republicanos-PB) tomou posse em 4 de janeiro e ficou quatro meses no cargo. Ele gastou com autopromoção R$ 38,5 mil em janeiro, R$ 40 mil em fevereiro, R$ 43,8 mil em março, R$ 41,7 mil em abril e R$ 11,8 mil em maio.

As despesas com divulgação representaram 90% da sua cota, totalizando R$ 195 mil. Em maio, também gastou R$ 8 mil com a locação de um Tiggo.

Luciana Genésio (PDT-MA) assumiu o mandato em 18 de junho e gastou R$ 19,3 mil na divulgação do mandato nos primeiros 12 dias. Em julho, gastou mais R$ 34 mil e, em agosto, R$ 53 mil, totalizando R$ 145 mil.

O doutor Remy Soares (PP-MA) tomou posse em 7 de maio e gastou R$ 64 mil com a divulgação do mandato naquele mês. Em junho, alugou uma Hilux por R$ 7,8 mil, totalizando R$ 80 mil no mês.

Alto custo com divulgação

O suplente Fábio Rueda (União-AC) assumiu o mandato em janeiro e gastou R$ 165 mil do “cotão”. Foram R$ 134 mil apenas com a divulgação do mandato. Ele gastou R$ 15 mil em janeiro, R$ 65 mil em fevereiro, R$ 30 mil em março e R$ 24 mil em abril.

A empresa contratada possuía estúdio móvel com câmeras, luz, captador de áudio e mesa de edição.

Juliana Kolankiewicz (MDB-MT) tomou posse em 27 de maio. Em junho, gastou R$ 24 mil com a divulgação do mandato. Em julho e agosto, investiu mais R$ 18 mil por mês, totalizando R$ 104 mil.

Pedro Jr. (PL-TO) assumiu o cargo em 20 de junho e gastou R$ 25 mil em divulgação do mandato nos meses de julho e agosto. Em julho, também locou uma Hilux por R$ 12,5 mil.

Suplentes de deputado substituem afastados

Até Ulisses Guimarães (MDB-MG) participou da farra do “cotão”. Ele assumiu uma vaga na Câmara de 7 a 6 de julho e gastou R$ 57 mil com a divulgação do mandato, sendo R$ 37 mil em abril. Em maio, também alugou um Volkswagen Nivus por R$ 8 mil.

Catorze suplentes ocuparam vagas de deputados licenciados para exercer cargos de secretário estadual ou municipal. O coronel Telhada (PP-SP) estava na vaga do deputado Delegado Bruno Lima (PP-SP), que era secretário municipal de Inovação e Tecnologia de São Paulo.

Em 22, Lima reassumiu o mandato, mas voltou à prefeitura três dias depois, o que permitiu o retorno de Telhada ao mandato. De janeiro a julho, Telhada gastou R$ 185 mil com divulgação do mandato. Em agosto, Lima alugou uma Trailblazer por R$ 8,5 mil. No período em que esteve na secretaria estadual, recebeu salário pela Câmara, R$ 44 mil.

Entre os deputados licenciados está Chiquinho Brazão (Sem partido-RJ), acusado de ser um dos mandantes do assassinato de Marielle Franco. Ele assumiu a Secretaria de Ação Comunitária da Prefeitura do Rio de Janeiro em novembro do ano passado e retornou à Câmara em fevereiro deste ano. Ele também manteve o salário de deputado federal enquanto estava na secretaria no Rio de Janeiro.

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