Calor anômalo na Lua pode indicar tipo inédito de vulcanismo

Um artigo publicado esta semana na revista Nature descreve a descoberta de um tipo de vulcanismo nunca antes observado na Lua. Os pesquisadores analisaram uma enorme mancha de granito detectada na superfície lunar e descobriram que se trata de uma massa gigante profundamente enterrada de magma solidificado (batólito), que teria sido depositada há mais de três bilhões de anos.

Segundo o geofísico Matthew Siegler, do Instituto de Ciência Planetária do Arizona, nos EUA, principal autor do estudo, isso é visto com frequência na Terra, mas é a primeira vez que se percebe na Lua. “Os batólitos são muito maiores do que os vulcões que alimentam na superfície. Por exemplo, as montanhas de Sierra Nevada são um batólito, deixado por uma cadeia vulcânica no oeste dos EUA que existia há muito tempo”.

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Planetary Scientists Find Large Granite Formation on Moon’s Far Side – The feature known as Compton-Belkovich Volcanic Complex likely formed from cooling molten lava that fed a volcano/volcanoes that erupted approximately 3.5 billion years ago.

— Planetary Science Institute (PSI) (@planetarysci) July 6, 2023

Embora seja abundante na Terra, o granito é algo extremamente raro em outras partes do Sistema Solar, uma vez que requer condições específicas para se formar, como muita água líquida e placas tectônicas, que ajudam a derreter e reciclar materiais na crosta do planeta. 

Característica foi identificada no lado oculto da Lua por missões chinesas

Como se sabe, a Lua não tem água líquida, nem placas tectônicas. No entanto, sob uma região vulcânica conhecida como Compton-Belkovich, perto do polo norte do lado oculto, instrumentos de micro-ondas nas sondas Chang’e 1 e Chang’e 2, da China, detectaram um calor anômalo, cerca de 20 vezes maior do que a média para as terras altas lunares.

Foi com base nesses dados, disponibilizados publicamente pela Administração Espacial Nacional da China, que os cientistas do Arizona desenvolveram a pesquisa – cujos resultados os surpreenderam.

Eles entenderam que a fonte desse calor não está na superfície, mas abaixo dela. “A única maneira de explicar isso é a partir do calor extra vindo de algum lugar abaixo da crosta lunar mais profunda. Então, Compton-Belkovich, que se acredita ser um vulcão, também está escondendo uma grande fonte de calor”.

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Segundo o site Science Alert, Compton-Belkovich é notável porque a região contém uma grande quantidade de tório, um produto do decaimento radioativo. A análise conduzida por Siegler e sua equipe indica que elementos radioativos em uma matriz de granito são provavelmente a causa do calor anômalo.

Essa matriz de granito tem cerca de 50 quilômetros de diâmetro. Isso, de acordo com os pesquisadores, é sinal de um sistema de canalização de magma evoluído muito maior do que o esperado para a Lua.

E um sistema tão grande precisa, pelo menos, de uma dessas coisas: uma grande pluma de manto alimentando-se de magma de dentro da Lua, um bolsão anômalo molhado dentro dela naquele local ou um elementos que poderiam fornecer material radiogênico o bastante para produzir calor suficiente para uma refusão consistente.

Todos os três implicam inconsistências composicionais em grande escala dentro da Lua que precisam ser explicadas. “Se não tem água, são necessárias situações extremas para fazer granito. Então, aqui está esse sistema sem água e sem placas tectônicas – mas você tem granito”, diz Siegler. Agora, a equipe pretende aprofundar sua pesquisa para solucionar esse enigma.

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