Mistério das “superexplosões” 10 mil vezes mais fortes que as do Sol pode ter sido desvendado

Conforme noticiado frequentemente no Olhar Digital, o Sol costuma gerar uma série de erupções, de menor ou maior intensidade, conhecidas como explosões solares. Esses eventos podem agir sobre o clima espacial, sendo por vezes capazes de interferir nas comunicações e na infraestrutura de energia na Terra

Mesmo diante desse quadro mais extremo, podemos nos considerar sortudos pelo nosso planeta não orbitar uma estrela que produza as chamadas “superexplosões”. Esses eventos podem ser de 100 a 10 mil vezes mais energéticos do que as explosões solares mais poderosas já observadas.

Exemplo de explosões solares. Créditos: NASA/SDO/AIA, EVE/helioviewer.org/Reprodução

Se uma superexplosão surgisse do Sol, ela poderia causar danos graves à atmosfera terrestre e às formas de vida que dela dependem. Felizmente, esses são fenômenos observados em estrelas tão distantes que parecem meros pontos de luz no céu, do nosso ponto de vista aqui na Terra.

Os astrônomos têm se dedicado a entender por que algumas estrelas têm esses eventos tão violentos. Recentemente, uma equipe de pesquisadores do Centro Mackenzie de Radioastronomia e Astrofísica da Universidade Presbiteriana Mackenzie, no Brasil, e da Escola de Física e Astronomia da Universidade de Glasgow, no Reino Unido, embarcou em uma missão para investigar dois suspeitos principais de serem responsáveis por essas superexplosões.

Para isso, eles mergulharam nos dados de 37 superexplosões do sistema estelar binário Kepler-411, além de outras cinco provenientes da estrela Kepler-396. E o que eles descobriram é fascinante e desafiador para a compreensão atual desses eventos cósmicos.

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Acredita-se que as explosões estelares ocorram quando a energia magnética acumulada na atmosfera de uma estrela é repentinamente liberada, causando o que os cientistas chamam de “reconexão magnética”. Esse mecanismo é similar ao que ocorre nas explosões solares, embora as superexplosões sejam de uma escala muito maior.

Os pesquisadores têm utilizado o vasto conhecimento acumulado sobre explosões solares, desde os estudos pioneiros de Richard Carrington e Richard Hodgson, em 1859, até as observações modernas feitas por satélites como o Telescópio Espacial Kepler e o TESS (sigla em inglês para “Satélite de Pesquisa de Exoplanetas em Trânsito”). Esses dados têm sido cruciais para entender as explosões solares e também para comparar e analisar as superexplosões em outras estrelas.

Ilustração de uma poderosa superexplosão estelar. Crédito: Universidade de Warwick/Mark Garlick

Dois modelos para explicar as superexplosões estelares

Um dos modelos mais comuns para explicar as superexplosões as trata como uma “emissão de corpo negro”, um conceito da física que descreve como um corpo aquecido emite radiação eletromagnética. 

Os pesquisadores também consideraram um modelo alternativo, que sugere que as superexplosões podem ser resultado da ionização e recombinação do hidrogênio na atmosfera estelar.

Surpreendentemente, a análise da equipe favorece o modelo de recombinação de hidrogênio como a explicação mais plausível. Eles argumentam que esse modelo é mais consistente fisicamente do que o modelo de corpo negro, que apresenta limitações em relação ao transporte de energia necessário para gerar as superexplosões.

Apesar disso, os pesquisadores reconhecem que o modelo de recombinação de hidrogênio ainda carece de confirmação direta por meio de observações. No entanto, a pesquisa, publicada na revista The Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, oferece um argumento convincente a favor desse modelo e destaca a importância de considerar alternativas na busca por compreender os fenômenos estelares mais extremos.

Essa abordagem marca um avanço significativo no entendimento das superexplosões e abre portas para novas investigações e descobertas no fascinante mundo da astrofísica, ampliando a compreensão do Universo.

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